SOBRE CARROS E CIDADES
Basicamente, eles comen-na. Todos os dias entram milhares, rosnam, largam gases e depois arrancam de volta aos subúrbios. Passamos os dias a falar mais alto do que gostaríamos, a não conceber a ideia de que o humano e o natural possa ser vivenciado nas ruas largas. E contudo, quando nos levantamos cedo, aos domingos de manhã, percebemos que talvez não tivesse de ser assim.
Quando o presidente da Cãmara de Lisboa, António Costa, subscreve a ideia de retirar os carros da Baixa, muitas vozes se levantam e levantarão contra. São as mesmas que ainda há pouco gritavam que se deveria fumar em TODOS os restaurantes, que acham que não enfardar picanha regularmente é "fanatismo" e que não percebem por que razão se deveria deixar o litoral respirar de casas. Preferem o wiskie à àgua e a luz eléctrica à das estrelas.
Desconfio que se sentirão solitários um dia, no meio das sedas interiores do seu caixão. E, contudo, a relva continuará a crescer sobre os seus corpos.
2 comentários:
Não podia estar mais de acordo. Não podia mesmo...
Passear por algumas cidades é como sair à noite para um bar qualquer...
É um local de paragem momentânea; raramente conseguimos ver a luz do sol; falamos, sempre, mais alto do que gostaríamos; e claro, somos fumadores passivos da poluição circundante.
É bom viver no "campo"!
tiago
Enviar um comentário